É hoje que mando uma posta!
Eu cada vez mais acho que os portugueses são viciados em apelos. No final de cada peça ou de cada directo, há sempre uma alminha - o chamado transeunte - normalmente o mais exaltado que no fim fica assim mais calmito, que resolve fazer o apelo do dia, normalmente para acabar com um "flagélo" qualquer! É qualquer coisa do género:
- Eu queria APELAR ao senhor Presidente dos EUA para acabar com a Guerra no Iraque!
- Eu quero lançar um APELO para que a Humanidade acabe com a fome no Mundo.
Ou ainda o multi-funcional, o que em pronto-a-vestir se chama "one size fits all":
- EU LANÇO DAQUI O APELO PARA ACABAR COM ESTA POUCA-VERGONHA!!!
Quem de entre todos nós (os dois leitores e as minhas múltiplas personalidades) nunca chamou o empregado/chefe de mesa/gerente/dono de uma tasca para servir mais uma rodada de minis - eu bebo às rodadas, mesmo quando estou sozinho; o médico diz que é perigoso privar as outras personalidades de álcool, podem tornar-se violentas - por esse belo epíteto que é "CHEFE"? E a prática vulgarizou-se, não há canto de Portugal onde não haja um chefe, desde o senhor que nos vende o jornal, ao barbeiro e acho até que estão a estudar uma moção na Assembleia da República para que os deputados se passem a tratar por "Oh Chefe" entre si e que se dirijam ao Primeiro-Ministro por Chefe-Mor (deve ler-se "mór" e não "môre", isso só os mais intimos poderão fazer).
Quem está descontente com a medida são os chefes de todas as repartições públicas que acham que vão perder prestígio. Já tentaram marcar uma greve, mas a agenda está cheia, só podem parar de fingir de trabalhar em Maio de 2008.
Mas a minha grande dúvida é: com tanto chefe, será que portugueses e índios têm uma herança genética em comum?
Para rematar, queria deixar aqui um APELO:
Oh CHEFES, deixem-se disso pá!